Presidente da Coréia do Sul recua e revoga Lei Marcial
Nesta terça-feira,03, depois de idas e vindas o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, anunciou que irá suspender a lei marcial que impôs cedendo à pressão depois que a Assembleia Nacional aprovou uma resolução exigindo o fim da medida.
O anúncio da revogação, feito na madrugada de quarta-feira na Coreia do Sul, ocorreu cinco horas depois de Yoon ter declarado a lei marcial e mobilizado o Exército, num movimento que denunciado até mesmo por aliados e que levou milhares de pessoas às ruas para protestar. Após o anúncio da suspensão da lei marcial, houve celebrações nas ruas de diversas cidades do país.
Agora, surgem perguntas sobre quais serão as consequências para Yoon, após a sua aposta para suspender a Assembleia Nacional e enfraquecer a oposição parlamentar fracassar.
Mais cedo, ao decretar estado de lei marcial no país, Yoon havia afirmado que a medida era necessária para proteger o país de “forças comunistas” em meio a constantes disputas com o Parlamento, controlado pela oposição, que desafiou a medida.
Pouco depois do anúncio, policiais chegaram a cercar e bloquear os acessos ao Parlamento e militares foram vistos tentando forçar sua entrada no prédio, mas alguns começaram a deixar o local após deputados votarem pela derrubada do decreto.
“Para proteger a Coreia do Sul liberal das ameaças impostas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e para eliminar elementos antiestatais… Declaro a lei marcial de emergência”, havia dito mais cedo o presidente conservador Yoon, sem especificar que ameaças seriam essas.
No mesmo pronunciamento, Yoon havia acusado a oposição de paralisar o país. “Sem nenhuma preocupação com o sustento do povo, o partido da oposição paralisou a governança com o objetivo de promover impeachments, investigações especiais e para proteger seu líder da Justiça”, disse Yoon. “Nossa Assembleia Nacional se tornou um refúgio para criminosos, um antro de ditadura legislativa que busca paralisar os sistemas judiciário e administrativo e derrubar nossa ordem democrática liberal.”
Lei marcial
A lei marcial é um instrumento temporário que concede amplos poderes para autoridades militares em um momento de emergência, suspendendo leis civis e estendendo a legislação militar. O mecanismo foi usado várias vezes nos anos 1960 e 1970 na Coreia do Sul após golpes militares e protestos generalizados. Esta foi a primeira vez desde a redemocratização do país – no final dos anos 1980 – que um estado de lei marcial foi imposto na Coreia do Sul.
Pouco depois do anúncio do presidente, o general Park An-su, chefe do Estado-Maior do Exército sul-coreano, chegou a divulgar a seguinte declaração: “Todas as atividades políticas estão banidas na Coreia do Sul após a imposição da lei marcial na terça-feira e toda a mídia estará sujeita a monitoramento pelo governo. Todas as atividades políticas, incluindo as da Assembleia Nacional, conselhos locais, partidos políticos e associações políticas, bem como reuniões e manifestações, são estritamente proibidas. Todos os meios de comunicação e publicações estarão sujeitos ao controle do comando da lei marcial”.
Yoon, um ex-promotor que ganhou fama no final dos anos 2010 por atuar na condenação de dois ex-presidentes e que depois se lançou na política, tomou posse como presidente em 2022. Desde então, ele tem lidado com um impasse político quase permanente com a oposição, que conta com maioria no Parlamento. No momento, Yoon também tem enfrentado baixos índices de aprovação devido a várias controvérsias e escândalos, inclusive episódios que envolvem sua esposa, como acusações de manipulação de ações, plágio em artigos acadêmicos e até mesmo de recebimento irregular de uma bolsa de luxo da Dior
( da redação com informações da DW.