Internacional

Reis da Espanha e chefes de Governo são recebido com lama e insultos em Paiporta, Valência; sobreviventes estão revoltados com o Governo face a alertas e atendimento na tragédia

Na manhã deste domingo, 03, uma multidão de sobreviventes das cheias em Espanha atirou lama e gritou insultos contra o rei Felipe VI, que estava acompanhado da sua mulher, pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez e pelo governador de Valência Carlos Mazón.

A população de Paiporta demonstrou a sua ira perante a presença da família real espanhola e do presidente do governo de Espanha, que tentaram visitar o local da catástrofe da tempestade DANA em Paiporta, Valência, e foram agredidos com pedras e lama.

Nas imagens chegaram a Euro News, a partir das redes sociais, pode ver-se uma multidão furiosa a atirar objetos e lama contra os governantes.

“Saiam! Saiam!” e “Assassinos!” soaram entre os insultos feitos pela população.

Os agentes tentaram criar um anel de segurança, os guarda-costas abriram guarda-chuvas para proteger a realeza e a restante comitiva, enquanto os manifestantes lançavam lama na sua direção, mas não conseguiram conter a manifestação e tentaram cancelar a visita.

Contudo, o rei Felipe, que acabou por ficar com manchas de lama, recusou-se a abandonar de imediato o local, “tentando acalmar os ânimos” e falar com os populares, reporta o El Diário.

Trata-se de um incidente sem precedentes para uma Casa Real que tem o cuidado de criar uma imagem de um monarca apreciado pela nação. A rainha Letizia e o presidente da região de Valência, Carlos Mazón, também faziam parte da comitiva.

Na rede X, o governador de Valência disse entender a indignação da população. “Entendo a indignação social e recebo. É a minha obrigação política e moral. A atitude do rei esta manhã foi exemplar”, escreveu Carlos Mazón.

A rainha, visivelmente em choque e com manchas de lama nas mãos e nos braços, também falou com algumas mulheres.

Mais de 200 pessoas morreram devido às inundações de terça-feira e milhares viram as suas casas destruídas pela torrente de água e de lama. Pelo menos 60 das vítimas mortais encontravam-se em Paiporta, um epicentro do sofrimento, que ficou conhecido por “zona zero”.

A indignação com a gestão da pior catástrofe natural de que há memória em Espanha começou depois de passado o choque inicial. As inundações tinham começado a encher Paiporta de ondas esmagadoras quando os funcionários regionais emitiram um alerta para os telemóveis que soou com duas horas de atraso.

E mais raiva foi alimentada pela incapacidade das autoridades locais de responder rapidamente às consequências.

A maior parte da limpeza das camadas e camadas de lama e detritos que invadiram inúmeras casas foi feita pelos residentes e por milhares de voluntários que se deslocaram para a região.

No sábado, o Primeiro-Ministro espanhol confirmou o envio de mais 10 000 militares para a província de Valência, a mais afetada, onde os danos causados pela tempestade se assemelham aos de um tsunami.

( da redação com Euro News. Edição: Política Real)

Deixe um comentário